Chá: como a bebida se tornou uma das mais populares do mundo

Reza a lenda que a primeira vez que uma pessoa colocou algumas ervas em infusão em água para consumo se deu há quase 5 mil anos, durante o governo do Imperador Sheng Nong, que baixou uma lei no país que obrigava as pessoas a ferverem a água antes de ingeri-la, como forma de evitar epidemias. Outras versões dão conta que folhas de uma árvore caíram na panela enquanto ele fervia água para consumo próprio – e assim surgiu o chá. Qual seja a versão oficial, acredita-se que a bebida tenha mesmo nascido na China – e que provavelmente tenha tido uma influência de Nong, conhecido como “curandeiro divino”.

Fato é que desde então o chá se tornou um hábito que passou por milênios e alcançou todos os países – do Oriente ao Ocidente, sendo popular em países como a Índia e se tornando ritual social em lugares como o Reino Unido (dá pra pensar nos ingleses sem uma tradicional xícara de chá das 5?).

Países também se tornaram famosos pela produção de alguns tipos de chá (como a própria Índia, com o especial Darjeeling, cultivado em altitudes superiores a 700 metros, e o Sri Lanka, que produz chás mais leves), enquanto a bebida se tornou uma paixão para muitos admiradores. Mas diferente do que aponta a crença popular, nem todas as infusões de plantas, flores, ervas e especiarias que bebemos podem ser consideradas chás. Apenas as infusões feitas a partir da Camellia sinensis, uma planta de origem asiática, podem ostentar o nome: entre elas todos os chás branco, verde e preto, além dos Oolong os Pu-erh.  Eles se diferenciam pelo processamento e envelhecimento das folhas – o seu tipo (ou não) de fermentação, alguns podem até ser safrados (como os melhores vinhos).

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Uma “nova onda” do chá está em curso, com mais bebedores buscando mais conhecimento e exigindo bebidas com origem assegurada – aqueles que sabem que erva-cidreira, melissa, hibisco, camomila e muitas outras são infusões, e não chás. Vendidos primeiro a granel e mercados ao ar livre, chegaram às butiques especializadas, conquistaram o mundo com os práticos saquinhos (criados pelo comerciante americano Thomas Sullivan) e ganharam, mais recentemente, espaço até na coquetelaria, se tornando presentes nas cartas de alguns dos melhores bares do mundo, de Londres (mais tradicionalmente, tanto nos coquetéis quanto nos chás) até São Paulo (mais recentemente).

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Prova da versatilidade da bebida que vai além da xícara quente: gelada ou na combinação de coquetéis, os chás mostram que não precisam ficar restritos só às temperaturas mais baixas e podem, sim, ser amplamente consumidos no verão, quando os termômetros sobem. Eles aportam distintas combinações de sabores e aromas que vão dos florais, herbais, frutados e até defumados à bebida, e podem ser um ótimo artificio para se refrescar – seja misturado a destilados ou bebido sozinho com gelo e adição de frutas ou outros ingredientes.

Se o calor chegar, é só pegar sua Pressca, preparar um chá (vale lembrar que tem que ser com água quente, sim) e depois adicionar gelo. Ou até mesmo pegar a coqueteleira para espantá-lo com um drink bem refrescante. Um brinde ao Imperador Nong!! Tim tim…


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Rafael Tonon
 é jornalista especializado em gastronomia e amante (e produtor) de café. Escreve para diversos veículos no Brasil e no exterior sobre comida, bebidas, tendências e boas xícaras. É colaborador do Eater (www.eater.com), o maior portal de gastronomia dos EUA, e também escreve para veículos especializados em café, como a cultuada revista nórdica Standart.